Uma das grandes vantagens de ter um ateliê aberto é estar abertas também a receber visitas, vizinhos, pessoas que sentem a vontade ou a curiosidade de saber o qué acontece dentro de esta casa toda rabiscada que é a Casa Um, dar as boas vindas ao acaso. Esto gera vínculos com pessoas fora dos nossos círculos, nossas bolhas, e é extremamente valioso porque nos faz ver as coisas desde outras visões, aprender, conversar, ouvir e sair da nossa zona de conforto. Lully, nossa convidada aqui em Futuros possíveis, é super ligada nas redes sociais mas a conhecemos fora dos algoritmos: por acaso somos vizinhas! A continuação, seu olhar sobre o presente e o futuro.
Por favor, apresente-se em poucas palavras.
Luisa Clasen, influenciadora há 9 anos. Formada em cinema pela UNESPAR e New York Film Academy, busco acessibilizar o ensino em cinema. Além do canal Lully de Verdade desde 2011, tenho também o podcast Laboratório de Cinema com formato interativo similar a um curso online totalmente gratuito. Tenho 29 anos, duas gatas e os boletos em dia!
-O que representa o momento atual para você?
Olhar para dentro, de mim mesma, da minha comunidade, dos meus planos.
-O que, do modelo antigo, pode ser resgatado para o futuro?
Que sejam os momentos bons: sentar num barzinho pra encontrar os amigos, viajar para conhecer lugares novos...
-O que deve morrer?
Temos que parar de achar que o que fazemos no planeta não tem consequências. Desmatamento, poluição, uso excessivo de plástico descartável, consumo de carne e derivados: tudo isso precisa fazer parte dos nossos pensamentos cotidianos. O que fazemos aqui impacta em outros bairros, outros países. Não é porque não vemos que não acontece.
-O que deve nascer?
Sentimento de comunidade, união e solidariedade. Muita gente precisou de ajuda durante a pandemia, e muitos se dispuseram a ajudar. Tomara que este ímpeto continue após esse período difícil.
-Num cenário utópico, como seria o futuro ideal?
Um mundo onde as pessoas pensam antes de comprar: Será que preciso disto? Como foi feito? Será que todo o processo deste produto é saudável para todos os envolvidos? E eu iria além: pensar antes de comer também. Parar de comer carne foi uma decisão que me abriu os olhos para o tanto de vezes que eu comia carne só porque não pensava em alternativas, e frequentemente nem gostava daquilo. Não acho que todos precisam ser veganos 100%, mas se cada um reduzir seu consumo e comer apenas quando é importante (um churrasco com os amigos em datas especiais, uma feijoada em família na casa da vó), já teremos um avanço enorme ecologicamente falando.
-E na realidade, como seria um futuro possível?
Fazer a nossa parte e mostrar que é possível. Quando eu comecei a recusar plásticos descartáveis isso mostrou para meus amigos que era uma decisão possível, e muitos já criaram esta consciência. Não vamos mudar o mundo do dia pra noite; temos que confiar no processo a passo de formiguinha.
-O que deve ser feito no nível individual, coletivo e estatal para consegui-lo?
Individual: tomar decisões e mudar pensando que é assim mesmo que uma (r)evolução começa, com uma pessoa.
Coletivo: podemos nos unir mais, olhar para o lado e perguntar o que podemos fazer para ajudar. O trabalho voluntário poderia fazer mais parte da vida das pessoas, porque é uma atividade energizante!
Estatal: políticas públicas focadas em desenvolvimento sustentável (atualmente chamado de regenerativo). O modelo onde pensamos que somos separados da natureza não nos serve mais, porque percebemos a falta que nos faz respirar ar puro, ter contato com plantas, animais e até outros seres humanos. As cidades precisam ser mais simbióticas com a natureza e o processo de como as coisas chegam até nós precisa de cuidado maior com a preservação. Se continuarmos derrubando árvores em nome do progresso vamos matar a nós mesmos.
-Qual pode ser o primeiro passo?
Parar de consumir sem pensar. Sempre que for comprar algo pensar de onde veio, quem fez, qual foi o caminho que isso percorreu até você e qual será a jornada caso você compre: vai ficar com você por quanto tempo? Depois que não te servir mais, o que acontece com isso? Vai virar adubo depois, ou vai gerar lixo? Tudo isso faz a gente consumir de forma mais responsável.
-Sua intenção: Quero que o futuro possível seja…
… tão otimista quanto os posts good vibes do instagram.
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Quarentena é tema de websérie interativa transmídia Rio.com, que faz campanha de financiamento coletivo. Recompensas para apoiadores vão desde informações exclusivas sobre a produção até um making of das funções no formato de curso de cinema
Você se lembra do seu último dia antes da quarentena? A pergunta, que será feita por gerações, é a premissa da websérie interativa Rio.com. Em formato antológico com nove episódios, a produção narra o cotidiano de pessoas pela cidade do Rio de Janeiro com suas mais diferentes realidades em seu último momento de liberdade devido à pandemia de Covid-19.
Rio.com tem direção geral de Lucas Zomer e produção de Luisa Clasen (Lully). O casal embarca em seu primeiro projeto ficcional que está em fase de captação até 15 de agosto através do site de financiamento coletivo Catarse.
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