Admiro muito as minhas amigas, e poder convidá-las para bater um papo e refletir sobre o que está acontecendo é uma alegria enorme! Hoje quem responde as perguntas em Futuros Possível e a Natu, amigassa que o Rio me deu, e quem, entre outras coisas, fala: “Para mim este momento está colocando em evidência várias questões urgentes que nao temos mais como invisibilizar, questões que precisamos olhar de frente e mudar.” A continuação seu olhar sobre o presente e o futuro.
Foto: @gabrielablancfotografia
Por favor, apresente-se em poucas palavras.
Sou Natalia Gerschcovich, Natu, mãe, escultora em vidro. Trabalho num ateliê lindo chamado @gyali em Santa Teresa, onde faço esculturas e dou aulas. Também tenho uma marca de pratos especiais para restaurantes @glassdishes.
-O que representa o momento atual para você?
Para mim este momento está colocando em evidência várias questões urgentes que nao temos mais como invisibilizar e que precisamos olhar de frente e mudar, tanto as pessoais como as que dizem respeito a gente como seres sociais, civis. A desigualdade social é a mais gritante e para enfrentá la devemos, na minha opinião, colocar o combate ao racismo como tema central.
Outra questão evidente é o papel da arte para conseguir lidar com tudo que está acontecendo, seja produzindo ou consumindo. Por estar confinados em casa precisamos de ouvir música, ler, assistir um filme, e notamos quanto a arte é importante.
A pandemia também está mostrando como precisamos cooperar uns com outros, como necessitamos criar redes, parcerias, e como o coletivo nós potencia. A solidariedade é fundamental. Ao mesmo tempo estamos vendo que seguir na direcção contrária a esse fluxo nos faz sofrer.
Sinto como se toda a energia que estava efervescente, nos distraindo, de repente tivesse tido que se contrair e voltar para dentro. Assim descreveria em imagens o momento que estamos vivendo.
-O que, do modelo antigo, pode ser resgatado para o futuro?
A arte e seu poder transformador.
-O que deve morrer?
A indiferença, a falta de empatia, a intolerância, o racismo, a opressão.
-O que deve nascer?
A empatia, as oportunidades para todos.
-Num cenário utópico, como seria o futuro ideal?
No meu futuro ideal a humanidade supera o preconceito e a opressão contra pessoas por conta da cor, orientação sexual, e também repensamos o que estamos fazendo com outras espécies. Embora o reino animal tenha conhecido muitos tipos de dor e sofrimento ao longo da história, a revolução agrícola gerou novas formas de sofrimento que só pioram com o tempo. Eu penso um mundo mais justo onde as pessoas tenham mais conexão com a terra, onde não exista seres humanos com fome. Um mundo saudável, próspero e harmonioso.
-E na realidade, como seria um futuro possível?
Acho que focando principalmente no acesso a uma educação emancipatória, todos poderemos colher os frutos nas outras áreas como saúde, violência e desigualdade social.
-O que deve ser feito no nível individual, coletivo e estatal para consegui-lo?
No individual acho que precisamos discutir e nos posicionar politicamente, tanto com o diálogo como com acções práticas. No coletivo, entender que ninguém pode ser deixado para trás. E como sociedade precisamos pressionar os políticos para que o estado garanta com políticas públicas o direito a todos a ter as mesmas oportunidades.
-Qual pode ser o primeiro passo?
Eu acredito que a mudança é inevitável, a questão é como nos posicionamos frente a ela. Somos capaces de ver o outro como parte de tudo? Entendemos que seremos mais felizes se o máximo de pessoas possíveis o são também?
Sempre tivemos e teremos problemas a resolver tanto no pessoal como na sociedade na qual vivemos, o importante é entender que as escolhas que fazemos vão definindo como atravessaremos por cada situação. Por isso acho importante uma maior participação das pessoas na política, porque estamos vendo com mais clareza como não adianta dizer que a política não interessa quando nos vemos atravessados por ela em todos os sentidos.
-Sua intenção: Quero que o futuro possível seja…
A arte gera emoções que nos conectam. Pretendo fazer minha parte através dela. Penso que é o que salva, de verdade, tanto fazer arte como consumi-la em filmes, música, histórias em quadrinhos ou mesmo uma exposição virtual de esculturas. Nos ajuda a passar pelas crises de um jeito mais leve e reflexivo. E vou continuar criando meu filho para que seja uma pessoa sensível, justa, amorosa.
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