Convidamos a Nathália Oliveira, roteirista e criadora do Projeto Mulheres Poderosas, para compartilhar sua visão sobre o que está acontecendo. Mas com Nath não alcança com uma conversa escrita e decidimos complementar com uma entrevista/conversa ao vivo no insta da Piola. É que o Projeto Mulheres Poderosas deu pra Nath, que já era feminista, um olhar mais analítico e observador sobre o que as mulheres atravessamos no nosso dia a dia, e achamos super interessante complementar a entrevista escrita e nos aprofundar um pouco mais nessa questão.
A conversa será a próxima sexta feira 14 de Agosto às 19hs no Instagram da Piola, mas ficará disponível para assistir no nosso perfil @pibags.
-O que representa o momento atual para você?
O momento representa um ápice da disputa de forças que podem decidir os próximos anos desta década que se inicia. Por um lado, uma parte da sociedade que conquista pluralidade, voz para as minorias, consciência ambiental, de gênero, e de classe. Por outro, a parcela reacionária, que luta com todas as suas forças para evitar a mudança de paradigma que implode velhos privilégios. Acho que estamos nos aproximando do momento-chave desta disputa e é difícil saber qual lado vencerá.
-O que, do modelo antigo, pode ser resgatado para o futuro?
Acredito que muitas estruturas que são antigas, estão sob ameaça e devem ser preservadas para o futuro. No caso do Brasil, a democracia é uma delas. Não há dúvidas de que um novo cenário começa a se configurar no mundo, mas nem todo novo é bom. Há algo de novo na política brasileira que é terrível pois é de uma destruição avassaladora, sem precedentes e de difícil recuperação. O que deve ser preservado, mais do que resgatado, é o apreço pela democracia.
-O que deve morrer?
Tanta coisa. Mas para ser breve eu diria que: o patriarcado e o neoliberalismo.
-O que deve nascer?
Mais do que nascer, acho que boas ideias que já nasceram precisam germinar de forma definitiva. Consciência ecológica como pauta prioritária, a luta pelos direitos dos trabalhadores, trabalhadoras, das mulheres… Enfim, uma estrutura geradora de inclusão.
-Num cenário utópico, como seria o futuro ideal?
Um futuro em que haja um entendimento verdadeiro de que o acúmulo de capital não faz sentido para a nossa curta vida no planeta Terra.
-E na realidade, como seria um futuro possível?
Um futuro com menos desigualdade social, racial e de gênero.
-O que deve ser feito no nível individual, coletivo e estatal para consegui-lo?
Estatal (no caso brasileiro): a eleição de um governo comprometido com justiça social e que use este compromisso como norte para políticas como reforma educacional, tributária, agrária e regulamentação de direitos do trabalhador.
Coletivo: a conscientização de privilégios e um movimento de desarticulação dos mesmos.
Individual: materialização de autoconhecimento e generosidade.
-Qual pode ser o primeiro passo?
Posicionamento político das classes privilegiadas que têm acesso à informação e disponibilidade para processá-la.
-Sua intenção: Quero que o futuro possível seja…
Justo.
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